A fala do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que itiu a possibilidade de sanções a autoridades brasileiras, foi a “virada de chave” para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidisse mudar de ideia e pedir a abertura de inquérito contra o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Dois meses atrás, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, havia afirmado que não via indícios de crime por parte do parlamentar. Ao analisar um pedido do líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RS), ele disse que estavam “ausentes as evidências de ilegalidades” e que não havia razão para a investigação.

Lindbergh entrou com representação na PGR logo depois que Eduardo anunciou o licenciamento do cargo de deputado, para permanecer nos Estados Unidos se dedicando “integralmente” a “resgatar liberdades perdidas” no Brasil - uma referência à atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Se na ocasião Gonet entendeu que a mera permanência de Eduardo nos Estados Unidos não era motivo suficiente para investigá-lo, a situação se alterou a partir da fala de Rubio. Segundo auxiliares do procurador-geral, isso demonstrou que a iniciativa do deputado foi além da mera narrativa e resultou em efeitos práticos e preocupantes para a soberania nacional.

Interlocutores da PGR também apontam que o próprio Eduardo “contribuiu” para que Gonet mudasse de posição sobre a abertura da investigação, uma vez que o parlamentar licenciado fez uma série de declarações e pronunciamentos públicos nas redes sociais incitando as autoridades estrangeiras contra as instituições brasileiras.

Ontem, Moraes autorizou a abertura do inquérito, do qual ele próprio será o relator. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai responder por coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Blog Luísa Martins - CNN